Roberta Sá é uma grande cantora? Sim! De todas as vozes novas que não param de surgir, certamente é uma das melhores. Roque Ferreira é um grande compositor? Sim! Sempre fez canções maravilhosas, mas, especialmente nos últimos anos, tem conseguido um sucesso tão imenso quanto merecido. O Trio Madeira Brasil é composto por grandes músicos? Sim! Seus violões, violas e bandolins, juntos, são imbatíveis na arte da delicadeza e do apuro técnico. E por que, ao se juntar a voz de Roberta com as canções Roque, com acompanhamentos do Madeira, não se tem um grande disco? Porque, embora seja uma cantora de timbre límpido, técnica primorosa, bom gosto indiscutível e produção caprichada, Roberta não é ousada. Porque, sem embargo de compor em vários ritmos e gêneros, sempre de forma melodiosa e inventiva, Roque acaba se repetindo nas rimas e nas melodias. Porque, ainda que toque brilhantemente, com uma destreza perfeita e uma harmonia sonora única, o Trio Madeira Brasil não se revela versátil.
Quero com isso dizer que Quando o canto é reza - disco mais recente de Roberta Sá, todo baseado em composições de Roque Ferreira, inteiramente adornado pelo acompanhamento do Trio Madeira Brasil - é um disco ruim? Claro que não! Por certo é muito melhor do que muita salada mista que sai por aí. Por certo vai agradar aos fãs e aos novos ouvintes da cantora. Por certo vai render boas críticas. Mas o que o disco não tem é justamente uma variedade, uma mistura, um contraste entre as gravações que pegue o ouvinte de surpresa ou que o faça mudar de sensação a cada faixa. O disco de Roberta, para dizer o mínimo, é linear.
E, repito, não está se falando aqui de um disco ruim. Apensa podia se esperar mais de uma cantora tão especial quanto Roberta Sá - que lançou um estupendo primeiro disco (Braseiro), superou com facilidade e louvor a barreira do segundo disco (Que belo estranho dia para se ter alegria) e que, inclusive, não sucumbiu à maldição do disco ao vivo (Ao vivo no Rio). E a sua curta porém brilhante carreira é exatamente o seu pecado: Roberta Sá criou os seus próprios critérios de comparação, que agora permitem uma avaliação nem tão positiva do seu novo trabalho. Porque Roberta já tinha gravado Roque Ferreira - "Laranjeira", excelente faixa de seu segundo trabalho - e também já tinha se valido das cordas do Trio Madeira Brasil em ocasião anterior. De maneira que o disco atual, além de linear, é pouco surpreendente. É previsível.
Destaques existem? Claro! "Zambiapungo" é da safra mais nobre de Roque Ferreira, assim como também são "Água da minha sede" (já muito bem gravada por Zeca Pagodinho) e "A mão do amor" (cujo trecho inicial já havia sido gravado por Maria Bethânia em um de seus dois discos mais recentes). São faixas de gravação primorosa, que merecem todos os aplausos. Destaque também para o lindo material gráfico do disco, absolutamente requintado no seu rústico e totalmente sofisticado no seu simples - diferente de tudo o que se podia esperar em um disco de uma cantora "jovem", enfim. E, precisamos concordar, Roberta Sá está cantando cada vez melhor: arriscando gravar em tons não tão altos, alongando um pouco mais as notas, de modo a ganhar personalidade! Tomara que isso a faça mais segura, mais confortável para ousar, para inventar, para cantar sem medo de ser feliz. E, enquanto isso, a gente vai aproveitando este lindo disco!
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terça-feira, 27 de julho de 2010
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Discos comprados 07
Ai, meu Deus! E já tem gente reclamando do ritmo mais lento das postagens... Volto a explicar: é que estou trabalhando muito e, por isso, me sobra menos tempo para o blog. Continuo adorando compartilhar minhas coletâneas, divulgar meus artistas preferidos, montar discos etc. Só que preciso trabalhar, para ter dinheiro para comprar os discos, não é mesmo, minha gente? Falando em comprar discos, os dias têm sido de muitos lançamentos. Lá seguem mais quatro!
PRA SE TER ALEGRIA - AO VIVO NO RIO - Roberta Sá - Nunca neguei: Roberta é, das novas, a minha preferida. Canda lindamente, tem um repertório ao mesmo tempo moderno (sem ser modernoso) e tradicional, se cerca de músicos excepcionais e tem uma simpatia sedutora. Seus discos de estúdio são sensacionais, desses que a gente tem vontade de escutar inteiro, sem pular faixa nenhuma. Só que, por ser um retrospecto de seus trabalhos anteriores, o show registrado ao vivo em CD e DVD não consegue ser assim tão sensacional... porque a maioria das faixas todo mundo já conhece. Claro, tem (muita) gente que vai comprar o disco justamente por isso, mas que é gostoso ouvir coisas novas, ah, isso é! As únicas faixas inéditas do disco são os sambas "Agora sim" e "Samba do balanço", sendo que o primeiro é incomparavelmente melhor que o segundo. Como bônus, o disco traz quatro gravações de estúdio, com participações especiais de Chico Buarque, Ney Matogrosso, António Zambujo, Ymaandú Costa e do Trio Madeira Brasil.
ELAS CANTAM ROBERTO CARLOS - Vários artistas - Não há necessidade de explicar de que disco se está falando, né? O duro foi selecionar apenas cinco faixas para esta coletânea que tem ares de amostra grátis. Optei simplesmente por incluir alguns dos números que mais me agradaram no show - vi pela TV e não no Theatro Municipal, infelizmente. E quero comentar aqui dois pontos importantes. O primeiro é a respeito do acabamento físico do disco... que coisa bem cuidada! Não, não temos ousadias. Não, não temos verniz, faca ou nada do gênero. Temos apenas um disco duplo, caprichado, com tudo bem simples (como costuma acontecer nos discos do Rei)... Mas em volume farto (são dois encartes, um para cada volume): com muitas páginas, todas cheias de fotos bem tiradas, com muitas informações etc. E quero comentar também a qualidade do som do disco (duplo, por sinal). Como pode, ainda hoje, com tanta tecnologia a favor, um registro ao vivo trazer falhas na captação? Pior: a captação do áudio ficou a cargo da Rede Globo e, talvez por isso mesmo, o som não esteja em níveis excelentes! Sem falar nos cortes abruptos, nos aplausos sobrepostos etc... mas vale o registro desse momento histórico, lindo e emocionante!
CANTANDO ROBERTO RIBEIRO - Leandro Sapucahy - Os tributos em forma de disco geralmente homenageiam compositores (Fulano canta Noel, Beltrano canta Chico, Sicrano canta Caymmi etc.), restando raras as vezes em que um intérprete recebe tal tipo de homenagem. Só que Roberto Ribeiro era tão cheio de personalidade, tinha um timbre tão encantador, defendia um repertório tão coeso, que faz sentido que o jovem e badalado Leandro Sapucahy devote ao mestre um disco-tributo. Os arranjos são bastante honestos, deixando claro que se trata de um disco de samba, sem firulas, sem vontades de inventar, sem nada a mais ou a menos. O repertório, claro, é perfeito, juntando sucessos óbvios de Roberto (como "Acreditar", "Todo menino é um rei" e "Meu drama") a composições menos conhecidas (casos de "Tempo é" e "Propagas"). Só que Leandro não tem a voz que tinha o homenageado e, em alguns momentos, se for feita a comparação, chega-se a pensar em como seria bom se fossem relançados os discos do próprio Roberto Ribeiro... Então é assim: o novo disco de Leandro é muito bom! Dá para ouvir, cantar, apreciar mesmo. Mas ele serve, antes de tudo, para lembrar e fazer ouvir o grande cantor que foi Roberto Ribeiro.
ROMANCE VOL. II - Marisa Orth - A inteligência, o humor, a ironia, o deboche e a perspicácia, características marcantes da atriz Marisa Orth, aparecem também no seu lado cantora. Aliás, nem dá para separar exatamente uma coisa da outra. Cantando, Marisa não deixa de interpretar - no que acerta, já que voz propriamente dita ela não tem. O que ela tem são músicas quase sempre divertidas e dramáticas e uma banda que lhe sustenta bem. E - deve ser dito - um material gráfico de primeira linha, feito pelo extraordinário Gringo Cardia. Embora o clima sugerido pela capa e pelo encarte remeta inevitavelmente a um ambiente de boate, de glamour, de hotel chique, de cabaré, não esperem por uma crooner tradicional, dessas de voz pesada e sedutora. Esperem, isso sim, por um disco quase pop, mas com momentos de profunda criatividade!
1. MAMBEMBE - Roberta Sá e Chico Buarque
2. VOCÊ NÃO SABE - Hebe Camargo
3. ESTRELA DE MADUREIRA - Leandro Sapucahy
4. INSANIDADE TEMPORÁRIA - Marisa Orth
5. PEITO VAZIO - Roberta Sá e Ney Matogrosso
6. PROPOSTA - Zizi Possi
7. ACREDITAR - Leandro Sapucahy
8. LAMA - Marisa Orth
9. EU JÁ NÃO SEI - Roberta Sá e António Zambujo
10. SUA ESTUPIDEZ - Alcione
11. VAZIO - Leandro Sapucahy
12. DEMAIS - Marisa Orth
13. MODINHA - Roberta Sá e Yandú Costa
14. DESABAFO - Fafá de Belém
15. INGENUIDADE - Leandro Sapucahy
16. I'M NOT IN LOVE - Marisa Orth
17. AGORA SIM - Roberta Sá
18. AS CURVAS DA ESTRADA DE SANTOS - Paula Toller
19. MEU DRAMA - Leandro Sapucahy
20. AS DORES DO MUNDO - Marisa Orth
Link para baixar a coletânea: http://www.4shared.com/file/129798879/f90cf300/Discos_comprados_07_-_mpbrunoblogblogspotcom.html.
PRA SE TER ALEGRIA - AO VIVO NO RIO - Roberta Sá - Nunca neguei: Roberta é, das novas, a minha preferida. Canda lindamente, tem um repertório ao mesmo tempo moderno (sem ser modernoso) e tradicional, se cerca de músicos excepcionais e tem uma simpatia sedutora. Seus discos de estúdio são sensacionais, desses que a gente tem vontade de escutar inteiro, sem pular faixa nenhuma. Só que, por ser um retrospecto de seus trabalhos anteriores, o show registrado ao vivo em CD e DVD não consegue ser assim tão sensacional... porque a maioria das faixas todo mundo já conhece. Claro, tem (muita) gente que vai comprar o disco justamente por isso, mas que é gostoso ouvir coisas novas, ah, isso é! As únicas faixas inéditas do disco são os sambas "Agora sim" e "Samba do balanço", sendo que o primeiro é incomparavelmente melhor que o segundo. Como bônus, o disco traz quatro gravações de estúdio, com participações especiais de Chico Buarque, Ney Matogrosso, António Zambujo, Ymaandú Costa e do Trio Madeira Brasil.
ELAS CANTAM ROBERTO CARLOS - Vários artistas - Não há necessidade de explicar de que disco se está falando, né? O duro foi selecionar apenas cinco faixas para esta coletânea que tem ares de amostra grátis. Optei simplesmente por incluir alguns dos números que mais me agradaram no show - vi pela TV e não no Theatro Municipal, infelizmente. E quero comentar aqui dois pontos importantes. O primeiro é a respeito do acabamento físico do disco... que coisa bem cuidada! Não, não temos ousadias. Não, não temos verniz, faca ou nada do gênero. Temos apenas um disco duplo, caprichado, com tudo bem simples (como costuma acontecer nos discos do Rei)... Mas em volume farto (são dois encartes, um para cada volume): com muitas páginas, todas cheias de fotos bem tiradas, com muitas informações etc. E quero comentar também a qualidade do som do disco (duplo, por sinal). Como pode, ainda hoje, com tanta tecnologia a favor, um registro ao vivo trazer falhas na captação? Pior: a captação do áudio ficou a cargo da Rede Globo e, talvez por isso mesmo, o som não esteja em níveis excelentes! Sem falar nos cortes abruptos, nos aplausos sobrepostos etc... mas vale o registro desse momento histórico, lindo e emocionante!
CANTANDO ROBERTO RIBEIRO - Leandro Sapucahy - Os tributos em forma de disco geralmente homenageiam compositores (Fulano canta Noel, Beltrano canta Chico, Sicrano canta Caymmi etc.), restando raras as vezes em que um intérprete recebe tal tipo de homenagem. Só que Roberto Ribeiro era tão cheio de personalidade, tinha um timbre tão encantador, defendia um repertório tão coeso, que faz sentido que o jovem e badalado Leandro Sapucahy devote ao mestre um disco-tributo. Os arranjos são bastante honestos, deixando claro que se trata de um disco de samba, sem firulas, sem vontades de inventar, sem nada a mais ou a menos. O repertório, claro, é perfeito, juntando sucessos óbvios de Roberto (como "Acreditar", "Todo menino é um rei" e "Meu drama") a composições menos conhecidas (casos de "Tempo é" e "Propagas"). Só que Leandro não tem a voz que tinha o homenageado e, em alguns momentos, se for feita a comparação, chega-se a pensar em como seria bom se fossem relançados os discos do próprio Roberto Ribeiro... Então é assim: o novo disco de Leandro é muito bom! Dá para ouvir, cantar, apreciar mesmo. Mas ele serve, antes de tudo, para lembrar e fazer ouvir o grande cantor que foi Roberto Ribeiro.
ROMANCE VOL. II - Marisa Orth - A inteligência, o humor, a ironia, o deboche e a perspicácia, características marcantes da atriz Marisa Orth, aparecem também no seu lado cantora. Aliás, nem dá para separar exatamente uma coisa da outra. Cantando, Marisa não deixa de interpretar - no que acerta, já que voz propriamente dita ela não tem. O que ela tem são músicas quase sempre divertidas e dramáticas e uma banda que lhe sustenta bem. E - deve ser dito - um material gráfico de primeira linha, feito pelo extraordinário Gringo Cardia. Embora o clima sugerido pela capa e pelo encarte remeta inevitavelmente a um ambiente de boate, de glamour, de hotel chique, de cabaré, não esperem por uma crooner tradicional, dessas de voz pesada e sedutora. Esperem, isso sim, por um disco quase pop, mas com momentos de profunda criatividade!
1. MAMBEMBE - Roberta Sá e Chico Buarque
2. VOCÊ NÃO SABE - Hebe Camargo
3. ESTRELA DE MADUREIRA - Leandro Sapucahy
4. INSANIDADE TEMPORÁRIA - Marisa Orth
5. PEITO VAZIO - Roberta Sá e Ney Matogrosso
6. PROPOSTA - Zizi Possi
7. ACREDITAR - Leandro Sapucahy
8. LAMA - Marisa Orth
9. EU JÁ NÃO SEI - Roberta Sá e António Zambujo
10. SUA ESTUPIDEZ - Alcione
11. VAZIO - Leandro Sapucahy
12. DEMAIS - Marisa Orth
13. MODINHA - Roberta Sá e Yandú Costa
14. DESABAFO - Fafá de Belém
15. INGENUIDADE - Leandro Sapucahy
16. I'M NOT IN LOVE - Marisa Orth
17. AGORA SIM - Roberta Sá
18. AS CURVAS DA ESTRADA DE SANTOS - Paula Toller
19. MEU DRAMA - Leandro Sapucahy
20. AS DORES DO MUNDO - Marisa Orth
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