sábado, 6 de junho de 2009

Rita Lee - Multishow ao vivo

Oi, amigos! O post anterior serviu como introdução para este! É que quero comentar o lançamento do novo disco da Rita Lee: Multishow ao vivo.

Antes de falar do produto em si, devo comentar que, pessoalmente, não achava uma hora adequada para ela lançar mais um disco ao vivo. Deve ser o quinto dela, em menos de dez anos! Já teve Acústico MTV (lindo, com cenário e capa do Gringo Cardia e participações luxuosas de Cássia Eller, Paula Toller e Milton Nascimento), MTV ao vivo (com uma direção mais cuidadosa, um som mais roqueiro) e outros sem grife. Todos eles, entretanto, igualmente repetitivos no aspecto retrospectivo do repertório, enfileirando sucessos de Rita. Tudo bem que ela é, de fato, uma das nossas maiores compositoras, com dezenas de músicas excelentes, contagiantes, inesquecíveis etc. Mas a renovação é necessária. É de se aguardar o próximo disco da artista, com inéditas.

Mas o assunto agora é o seu mais novo trabalho, que foi lançado simultaneamente em CD e DVD. Recomento com veemência que prefiram o DVD. Tudo bem que o encarte do CD deve ser lindo, recheado de fotos bonitas e a letra das músicas. Mas o show que deu origem ao disco é muito bonito visualmente! Não tanto pelo figurino de Rita (casual ao extremo) e dos músicos (beirando o simplório), mas pelo maravilhoso cenário! São vários paineis verticais imensos de led que servem de fundo para a banda e para Rita. E neles vão sendo apresentadas imagens muito bem cuidadas que ilustram ou dão graça a cada música do show. Quando Rita canta, por exemplo, "Vítima", imagens de São Paulo vão passando rapidamente nos telões, remetendo ao ritmo frenético da vida paulistana e se alinhando perfeitamente à letra, que fala no "frio de São Paulo".

A lista de músicas do disco é excelente, embora repetitiva, previsível e apelativa comercial e artisticamente. Tudo começa de maneira intensa, com "Flagra", "Saúde" e "Mutante" enfileiradas, gerando um impacto imenso na plateia, animadíssima. São canções célebres, cantadas e decantadas por Ritas, Adrianas, Zélias e outras afins.

Mais adiante, Rita apresenta duas músicas inéditas: "Tão" e "Insônia". A primeira tem uma melodia muito fraca, repetitiva e cansativa, merendo destaque apenas a divertida letra, que critica a postura chata das pessoas que são quase perfeitas. Não fosse pelo fato de ela mesmo (a música) ser muito chata, seria um momento interessante do show. "Insônia" sim é música boa. A melodia não é inventiva, sendo, pelo contrário, um clichê harmônico, típico de boleros e outros estilos latinos. Só que a sacada é essa mesmo, já que o arranjo tem pitadas de salsa. A letra é divertídissima, principalmente quando revela o triângulo que se estabelece entre a protagonista (Rita), a Insônia, sua namorada, e Morfeu.


"O bode e a cabra" é outro momento auto do show. Trata-se da versão debochada que fizeram para a música "I wanna hold your hand", dos Beatles. Rimando coisas divertidas, como mé e pé, a letra diverte pelo inusitado. E não menos inusitado é seu arranjo, todo baseado nas convenções do forró. É herança do disco Aqui, ali e em qualquer lugar. Os telões de fundo, nesse momento, mostram a imagem de um bode, em xilogravura (como se fosse de cordel), que deixa tudo mais bonito. Quando Rita convoca as backing vocals da banda para assumirem a frente do palco, outro ótimo momento se aproxima. É que elas, juntas, vão cantar "Vingativa", uma excelente pérola do repertório das Frenéticas. A versão de Rita é interessante, com direito a coreografia de leques e tudo, mas a gravação original é muito superior. Por sinal, a faixa original aparece em uma das minhas coletâneas, postadas enteriormente aqui no blog!

Depois, quando o show chega ao seu trecho final, é só chutar para o gol e correr para a galera. Rita o faz cantando, nessa ordem, "Doce vampiro", "Ovelha negra", "Agora só falta você" e "Lança´perfume". A sacada final de Rita é emendar nessa última a marchinha "Chiquita bacana", homenageando Carmen Miranda. E a plateia já está tão empolgada, cantando tudo em uníssono, que, mesmo quando a cortina se fecha, todos continuam cantando sozinhos "Mania de você".

É um ótimo show, que gerou um ótimo DVD e um bom CD.

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